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sábado, 21 de janeiro de 2012

Pólvora e Poesia faz última temporada em Salvador e antecipa inicio da turnê nacional

Desde a estreia em 2010 o nosso barco não pára. Em 2012 não podia ser diferente.

Começamos o ano em cartaz dentro da programação do Amostrão Vila Verão no Teatro Vila Velha até o dia 12 de Fevereiro, aos domingos, as 20 horas. 

Após o carnaval, seguimos para o Rio de Janeiro para fazer a abertura da Mostra Nacional Funarte de Dança e Teatro / MAMBEMBÃO, projeto marcante da cultura nacional que teve última edicão em 1990 e retorna este ano. Além disso, nosso espetáculo reinaugura o Teatro Cacilda Becker, o que para nós é uma grande honra. Nos apresentaremos do dia 23 a 26 de fevereiro.
De abril a novembro deste ano estaremos em circulação nacional através do projeto Palco Giratório. Faremos 33 apresentações em aproximadamente 20 cidades, além de oficinas, intercâmbios, mesas e um Sarau performático com a obra dos "poetas malditos" entitulado TABERNA. 
E não pára por aí, estamos em negociação com alguns festivais e pode ser que o nosso barco ancore em outras terras. Assim que tivermos as confirmações dividiremos com nossos tripulantes.
E você que está em Salvador e ainda não viu o espetáculo, corre para o Vila, Velho!


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Estamos de volta - FESTIVAL BAHIA EM CENA

O melhor espetáculo de 2011 está de volta. Pólvora e Poesia é um dos convidados do Festival Bahia em Cena, programação com grandes espetáculos baianos que acontece durante todo o mês de agosto pelos teatros da cidade. Para quem não conseguiu assistir e para aqueles que querem repetir a dose, aproveite, pois esta temporada é a preços populares ( R$ 10 e R$ 5 ).
6 a 28 de AGOSTO
SÁBADOS e DOMINGOS - 20H
ESPAÇO CULTURAL DA BARROQUINHA
R$ 10 [meia] e R$ 5 [inteira]

sábado, 11 de junho de 2011

JUNHO - Um mês de Pólvora e Poesia

Mês de Junho, São João (Pólvora) e dia dos namorados (Poesia). Não estamos em cartaz mas estamos nas ruas:



Av. Garibaldi
Av. Magalhães Neto
Vasco da Gama / Rio Vermelho

terça-feira, 24 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Sarau de Ideias de 20/maio

Amanhã teremos nova edição do Sarau de Ideias, evento que vem despertando a curiosidade do público e fomentado o debate das questões referentes às relações homoafetivas. Veja quem são nossos convidados para discutir "Pecado e Culpa". Divulgue entre os amigos e participe com a gente.


quarta-feira, 18 de maio de 2011

O CRISTO DE MARFIM, A CULPA E O CÉU DE CADA UM


foto: Maira Lins
RIMBAUD - Sua mulher implica porque eu agora ando com este Cristo de marfim...
VERLAINE – Porque esse Cristo foi da avó dela, só isso...
RIMBAUD - Não. Ela me acusou. Disse que eu tirei o Cristo da parede. Da parede junto à cama de vocês. Que eu mutilei esse cristo de marfim e saí com ele por aí... Que andei com o Cristo a noite inteira... Entrando em cervejarias... Mostrando o Cristo às putas, enquanto me divertia com elas. 

Na época destes poetas era comum usarem objetos de marfim: pentes, adornos, suportes e esculturas diversas. Rimbaud poderia ter pegado qualquer um desses. Entretanto, o escolhido foi justamente um Cristo. 

A primeira coisa que aparece é o ato de irreverência do jovem poeta. É claro, mas não suficiente para um simbolista. É mais do que isto. O gesto de retirar o Cristo da parede junto à cama traz o símbolo universal do crucificado para perto, para as mãos, para os lugares comuns: as pessoas, as cervejarias, o prazer pago. Na aparente profanação adolescente há o gesto que aproxima e irmana o divino, que questiona o conceito de pecado e autoriza o humano a ser filho de Deus incluindo todas as suas perfeitas imperfeições. 

Um Cristo de marfim precioso, mas preso. Rimbaud levou o Cristo aos bares. Levou ao lugar onde estavam as pessoas - os filhos de Deus -, com fome de um amor impossível de caber apenas sobre uma cama entre quatro paredes. 

O SARAU DE IDEIAS de Pólvora e Poesia desta sexta, dia 20, vai falar “do que não se fala” – que é a culpa sob a ótica da religião. Depois do espetáculo (que começa às 20 horas) teremos a presença de representantes de diferentes religiões que debaterão sobre o conceito de CULPA e PECADO à luz da filosofia religiosa que praticam. 

RIMBAUD – Estou como o campo entregue ao olvido, crescido e florido de joios, resinas, ao bordão selvagem das moscas imundas.

Em tempos de “humanidade desumanizada”, é fundamental lembrar a importância da semeadura. Afinal, orquídeas nascem sobre pedras. 

Venha debater com a gente o próximo Sarau de Ideias!

terça-feira, 10 de maio de 2011

Sarau de Ideias e seus visitantes

No último Sarau de Ideias (sexta-feira, 6/maio), tivemos a doce e polêmica presença do diretor de cinema Edgard Navarro. Ele participou do bate-papo após o espetáculo e deu sua leitura pessoal e cinematográfica sobre Pólvora e Poesia

Na próxima sexta, um dos nossos convidados do Sarau de Ideias é o jornalista, pesquisador e ativista Leando Colling. Ele dividirá o debate com o atual presidente do Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira, com a psicóloga Luciana Melo, e com o público presente à sessão. O tema será "Preconceito e violência".

O Sarau de Ideias acontece todas as sextas-feiras, após a encenação de Pólvora e Poesia, lá mesmo no Espaço Cultural Barroquinha. Fica quem quer. Ganha quem fica. Venha participar e debater com a gente. Esperamos vocês.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Quem assistiu: Prof. HÉLIO DE CASTRO


Pólvora e Poesia
Salvador, 17 de abril de 2011 

Obrigado.

Ao sair do espetáculo, comento alto: o nosso amor não termina aqui! De imediato o visual vermelho de rosas, cadeiras e livros, dois personagens enigmáticos, o som da quebra, o corte imposto no palpitar cardíaco que revela a angústia. Aí nos encontramos com o inevitável real, profundo, vigoroso e desértico. A angústia impõe-se e a partir daí não temos mais como nos descomprometer.

A mesa dos nossos almoços e reuniões precisa ser sustentada. Aí talvez comece o desencontro humano, perto do impossível do laço social, que se parte e mantém-nos unidos por um vinco, fenda onde revela-se a falta em torno da qual se constitui o sujeito da fala. A luz ilumina a travessia, em palavras cuidadas com carinho, ou rasgadas a dizer da dor de existir, do desamparo, da paixão, da morte.

Por momentos a queda, o destempero, noutros o despreparo até o desencanto, os poetas guerreiros derrubam muros e nos faz pensar que é ainda possível algo além do horror, da repetição monótona das fórmulas fáceis. Sucesso.

O fio da navalha, a fidelidade ao demasiadamente humano, o amor que a tudo pode permear, reinventa o susto e a solidariedade, a guerra e a fraternidade da poesia dentro de nós. E como manter cama e mesa em pé, o encontro impossível tornado viável? Permeará o amor o desentendimento de que em nossas dores somos iguais e diferentes, precisamos do outro que sou eu mesmo, na miséria ou no brilho?

Interessante o movimento intenso, o desejo de escrever a experiência de ver a peça, participar de uma conversa com parte do grupo responsável pela sua existência. Fui atingido, flechado, o pensar flui. Pólvora é então poesia, o sonho e o grito da liberdade impossível, das metades dos seres partidos pela palavra que buscará a utopia, a enfrentar a impotência, aceitar o inevitável de sermos seres limitados, apenas humanos. 

O grupo mostra que cada um dando o melhor de si, terá como resultado muito mais que a soma das partes, seu ser para um mundo melhor. Como sábio, Guerreiro nos brinda com o conflito inevitável e sua angústia, tornada lírica a ponto de sentir força e agressividade e nada de violência. 

Que brilhe então a mesa, o barco, o livro. Senti-me profundamente agradecido aos responsáveis pelo convite a mim feito e, só depois do espetáculo entendi isto como uma honra. Nos dias de hoje torna-se no mínimo delicado, falar de perdão, compaixão e gratidão. Do amor então, faz-se pólvora ou poesia, cruéis e cretinos cuidam só de si.

O laço pede um pouco mais de alma, a agonia pede calma e, de dentro do conflito a nave guerreira explode em luz a mente acomodada a aguardar o choque e acordar. A transformação é continuar a amar apesar da dor, em vez de isolar-se para jamais sofrer a perda, como se fosse possível. Não é a esperança que consola, mas, como vocês trabalham duro! Continuar a amar apesar do perigo, do tempo que a tudo leva, da morte, tornar possível criar e viver junto, poder dançar, falar...falar, gritar para vocês, como se fossem um só, da experiência do nosso encontro: uma lágrima caiu de você, ao revelar-me que no início todo o corpo doía, mas agora não doía mais. Pensei, sem dizer-te, que agora dói só na alma. Pólvora... é o desafio para entender onde nos levará Poesia...

A capacidade de amar a vida é uma forma da coragem de viver, força da alma trabalhada que nos permite suportar o pior. A carne trêmula revela a angústia do laço que se parte ao impossível do um do amor ansiado. Ao nos dar conta da trilha solitária, podemos agir como sujos, ou sábios. Qual dos lados nos atrai quando a coisa se parte? Com qual sigo e o que me leva à morte?

O que vemos é um desnudamento, a exposição de anseios e feridas, longe do singelo, do romântico, do erótico, dramático e próximo à tragédia. O brilho do espetáculo vem de uma luta, da aceitação do limite imposto, do corte, da miséria do gozo, da paixão que vai do pau murcho ao olho do cu. Do fundo do corpo, da entrega das almas, uma busca para conhecer-se um pouco melhor.
Inda ouço ao fundo, da fossa, do fosso, da fenda que se abre para entrar em si.
Com agradecimento,


Helio de Castro - Psicanalista

segunda-feira, 2 de maio de 2011

SIMBOLOGIA DOS ELEMENTOS - SÉRIE 3

SOBRE TECIDOS DE ALGODÃO
Foto: Maira Lins


Verlaine - Algodão inglês. Roubei da minha sogra. Para você fazer roupas de baixo. Até camisas...

Quando pousamos nosso olhar, nossa atenção sobre este trecho, cabe perguntar o que pode significar este elemento: um corte de tecido, em um momento tão especial do texto, justamente quando os dois personagens estão se separando. Podemos considerar que vários outros presentes seriam mais interessantes: uma boa garrafa de vinho, Absinto, quem sabe até tintas, canetas e papéis. Então, por que um corte de tecido?

A princípio ele surge como uma recompensa. Algodão inglês não era tão valorizado quanto a seda, na França, mas prestava-se muito bem a um vestuário sem maiores sofisticações. Daí que poderia servir “até” para camisas. Melhor se fosse alvejado. Mas a primeira proposição era fazer “roupas de baixo”, já que Rimbaud declarou abertamente que veio sem elas. A sugestão era cobrir-se. Naquela época dizia-se: “cobrir as vergonhas”.

Mais adiante, no texto original, Alcides Nogueira sugere que Riubaud retire um longo pano branco de algodão de uma mala e dance com ele simulando a vela de um barco. Temos aí, novamente, a presença de um tecido, desta vez disponível para cobrir o corpo inteiro. Neste caso, combinado com o texto, capaz de enfunar-se e levá-lo para longe, mar à dentro.

Os dois elementos (o segundo não aparece na nossa montagem) apresentam-se com significações diametralmente opostas. O primeiro, trazido pelas mãos de Verlaine, propõe-se a esconder, a tirar da visão, a cercear os sentidos e o desejo. Já o que sai do “espaço vazio” de Rimbaud (a mala), apresenta-se como o elemento capaz de abrir espaços, levá-lo para longe, na direção do desconhecido.

Na sequencia em que aparecem no texto, percebo como representações do poder de expandir, de transformar concretudes em mistérios, qualidades que o poeta simbolista trouxe em sua bagagem aparentemente composta de vazios. E espaços vazios não são aqueles onde não existe nada. Muito pelo contrário, são aqueles onde tudo cabe.


HILDA NASCIMENTO - PREPARADORA DE ELENCO E DIRETORA ASSISTENTE