domingo, 5 de dezembro de 2010

"Que venha a hora da paixão"

*fotos: Bruno Almeida / Comunika Press


Enfim, estreamos. Findou-se a ansiedade e a nave da igreja da Barroquinha veio abrigar o amor e a loucura. Verlaine rasgou suas vestes. Rimbaud, abandonado, chorou tal qual criança. Mas deixemos os personagens porque é hora de citar o trabalho da equipe (a de carne e osso) que deu (e continuará) dando vida a este espetáculo. Muito obrigado a todos os envolvidos direta e indiretamente para a realização desta combustão.
Foram semanas de ensaio, ajustes, muita correria e cansaço, mas eis que Pólvora e Poesia está pronto! Com a sessão de estreia lotada, fizemos uma extra, na base do boca-a-boca, às 17h. Ali colocamos um "termômetro" na plateia. Foi um homem se desviando da garrafa de vinho que despencava das mãos de Verlaine, uma mulher se esquivando da mala de livros que sobrava das mãos de Rimbaud, pessoas "pulando" com o tiro que há em cena, mas todos, absolutamente todos, encantados com o balé que é o amor entre Paul Verlaine e Arthur Rimbaud. Sim, caros leitores, nosso espetáculo é encenado em meio ao público.
Desde o primeiro impacto, Pólvora e Poesia prendeu a atenção dos presentes, mexeu com suas verves e emoções. Ontem, em vários momentos, tinha gente chorando na plateia. Fernando Guerreiro via tudo e no fim declarou: "Pra uma pessoa dormir neste espetáculo, só se estiver dopada. Ou então a peça mexe tanto com o interior do ser humano que o sujeito 'desliga' porque não aguenta a overdose de loucura e paixão aqui retratadas. Teatro é vida, tem que mexer com as entranhas. Espero que as pessoas se deliciem com este espetáculo". 
"Que venha a hora da paixão" (frase de Arthur Rimbaud e Paul Verlaine)

Um comentário:

  1. Eu demorei em escrever sobre a peça, porque descrever em linhas sentimentos em pólvora e ações em razões precisa-se de tempo... Então, deixei assentar as emoções para assim “TENTAR” relatar o que vi e senti, mas não em palavras e sim em lágrimas.
    Chorei...
    Chorei por cada grito de entrega e desejo, chorei...
    Chorei por pontos da história, por falas retóricas e sentimentos silenciosos.
    Chorei de compaixão da indecisão do certo, correto, coerente e seguro ao abismo incomedido da libertária paixão do fúnebre e ébrio desejo.
    Chorei por perceber que ainda neste tempo, existem vários Verlaines em suas prisões de alianças e promessas familiares representados no sim de um altar.
    Pena... Queria eu estar nos braços do mundo, vendo Rimbaud nos lábios e línguas de jovens mancebos.
    Chorei...
    A cada livro lançado como um protesto poético, do que estava neles e em mim e em cada um daquela platéia sóbria de suas convicções e incertas de seus desejos, mas com uma única certeza, JAMAIS SERIAM A MESMA PESSOA APÓS ARTHUR E PAUL.
    Ali, todos se tornaram PÓLVORA E POESIA.
    Karla koimbra.

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